Um estudo recente realizado pela Neogrid, em parceria com o Opinion Box, revela que 95% dos brasileiros perceberam aumento nos preços nos últimos 12 meses, e 55% acreditam que essa tendência deve continuar.
A pesquisa, intitulada “Consumo em Tempos de Inflação e Repriorização”, mostra que a inflação tem levado os consumidores a ajustar suas escolhas e priorizar produtos mais acessíveis.
Substituição de produtos se torna rotina
Segundo o levantamento, 82% dos entrevistados substituíram produtos por versões mais baratas, motivados principalmente pela busca de economia, dificuldade em encontrar suas marcas habituais e relutância em pagar valores acima do usual.
Entre os motivos:
34% trocaram produtos para economizar;
28% não conseguiram comprar suas marcas preferidas.
As categorias mais afetadas são:
Produtos de limpeza: 68,86%
Higiene pessoal: 57,06%
Alimentos e bebidas: 53,77%
Carnes e derivados: 53,04%
Cosméticos: 29,20%
Ovos e lácteos: 28,71%
No primeiro semestre de 2025, alguns itens registraram altas expressivas: o café em pó e em grãos subiu 42,2%, enquanto os ovos tiveram reajuste de 8,2%.
Cenário macroeconômico e expectativa do consumidor
O levantamento ocorre em um contexto desafiador: a inflação acumulada nos últimos 12 meses chegou a 5,35%, segundo o IBGE. O índice de confiança do consumidor, medido pela FGV IBRE, registrou 85,9 pontos em junho de 2025, indicando cautela nas decisões de compra.
Apesar disso, 63% dos consumidores afirmam que voltariam a adquirir produtos abandonados caso os preços retornassem aos níveis anteriores.
Christiane Cruz Citrângulo, diretora-executiva de Marketing e Performance na Neogrid, ressalta:
“O estudo mostra como o consumidor brasileiro está cada vez mais atento e disposto a adaptar seus hábitos de compra. Para a indústria e o varejo, compreender esses sinais é essencial para oferecer alternativas acessíveis e fortalecer a relação de confiança com o shopper.”
Pequenos prazeres resistem à inflação
Mesmo diante da alta de preços, 73% dos consumidores mantiveram alguns hábitos considerados “mimos”, que não abrem mão mesmo custando mais:
Comer fora de casa: 45%
Chocolates e doces: 45%
Pedidos delivery: 32%
Bebidas alcoólicas: 19%
Citrângulo comenta que esses pequenos prazeres têm função emocional, ajudando o consumidor a manter sensação de normalidade e bem-estar mesmo sob pressão financeira.
Datas comemorativas continuam sendo prioridade
A pesquisa também mostra que o consumo em datas especiais segue relevante:
51,3% reduziram gastos, mas mantiveram os hábitos
24% não alteraram o padrão de consumo
19% não compraram para comemorações
Para os próximos meses, a tendência se mantém: 60% pretendem conservar as compras em datas comemorativas, enquanto 16% não têm planos de consumir.
Citrângulo reforça:
“Mesmo em tempos de incerteza, datas comemorativas carregam forte simbolismo. As pessoas podem gastar menos, mas dificilmente abdicam de celebrar, evidenciando a resiliência cultural e afetiva no consumo.”
Fonte: Portal do Agronegócio