Brasil - Integrantes do governo brasileiro acompanham com apreensão a movimentação militar dos Estados Unidos na região do Caribe, diante do envio de navios de guerra para áreas próximas à Venezuela. A informação foi publicada pelo jornal O Globo, que ouviu fontes em Brasília. Embora a avaliação inicial seja de que o alvo imediato seja o regime de Nicolás Maduro, integrantes do governo lembram que a Venezuela compartilha mais de 2 mil quilômetros de fronteira terrestre com o Brasil, o que acende sinais de alerta sobre a possibilidade de repercussões diretas no território nacional.
Segundo O Globo, ainda não há reação concreta planejada pelo governo brasileiro, mas o entendimento é de que o deslocamento militar norte-americano pode indicar uma preparação para uma eventual intervenção na Venezuela. Em meio às tensões, Washington colocou a cabeça de Maduro a prêmio por US$ 50 milhões, acusando-o de ligação com o narcotráfico e chamando-o de “chefe de cartel”.
Reação venezuelana e ameaça dos Estados Unidos
Na última segunda-feira, Nicolás Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos em resposta ao que classificou como “ameaças” americanas. A escalada de declarações se intensificou após a porta-voz do governo dos EUA, Karoline Leavitt, afirmar que o presidente Donald Trump pretende usar “toda a força” contra o regime venezuelano.
“O regime de Maduro não é o governo legítimo da Venezuela, é um cartel narcoterrorista”, declarou Leavitt, ao ser questionada sobre a possibilidade de uma operação terrestre. “O presidente Trump tem sido muito claro e consistente: ele está preparado para usar todo elemento da força americana para parar a entrada de drogas no nosso país e levar os responsáveis à Justiça.”
Escalada militar no Caribe
De acordo com a imprensa americana, uma frota naval dos Estados Unidos se aproxima da Venezuela, incluindo três destróieres — USS Gravely, USS Jason Dunham e USS Sampson — todos equipados com o sistema de combate Aegis, com mísseis guiados. A CNN noticiou que mais de 4 mil fuzileiros navais e marinheiros foram mobilizados para a América Latina e o Caribe, integrando o Grupo Anfíbio de Prontidão Iwo Jima e a 22ª Unidade Expedicionária de Fuzileiros Navais, sob comando do Southcom (Comando Sul dos EUA).
O deslocamento envolve também um submarino nuclear, aeronaves de reconhecimento P-8 Poseidon, outros contratorpedeiros e um cruzador de mísseis guiados. Segundo uma autoridade ouvida pela agência Reuters, as operações devem durar meses e se concentrar em águas e espaço aéreo internacionais.
Repercussão em Brasília
Em Brasília, a expectativa é de que a ofensiva não se estenda a águas brasileiras, o que poderia criar um novo problema nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O receio é de que a intensificação da presença militar americana no Hemisfério Ocidental, sob a justificativa de combate ao narcotráfico e ao tráfico de pessoas, acabe por desestabilizar ainda mais a região e gerar efeitos diretos sobre a segurança nacional brasileira.
Trump tem feito da repressão aos cartéis de drogas um dos eixos centrais de seu governo, conectando o tema à política migratória e à proteção da fronteira sul dos EUA. Em março, forças americanas já haviam reforçado a presença militar na região fronteiriça entre EUA e México, enviando contratorpedeiros como parte dessa estratégia.
Diante da intensificação das tensões, a movimentação militar americana na Venezuela reacende o temor de uma intervenção direta em um país vizinho do Brasil, com potenciais consequências para toda a América do Sul.